Política e poder: uma relação intrínseca.

 
A política se insere em todos os aspectos da vida humana. O terrorismo, o aquecimento global, a diminuição da biodiversidade, a inserção social de imigrantes no país, a melhoria da qualidade de vida dos idosos, o aumento da inclusão social, são todas situações que dependem de decisões de ordem eminentemente política. Nesse contexto, podemos afirmar que muitos problemas, antes de serem sociais, culturais, ou ambientais, são essencialmente políticos, pois dependem de decisões tomadas, geralmente, no âmbito dos Estados. (DIAS, 2010, p. 7).
Etimologicamente, o vocábulo “política” é originário do grego pólis (politikós), referindo-se ao que é urbano, civil, público, enfim, a tudo o que se relaciona à cidade, ou seja, à pólis (BOBBIO, 1993, p. 954). Essa primeira conceituação se relaciona às cidades da Grécia clássica, berço da política, como veremos logo adiante.
Levando-se em conta a relação da política com a história, veremos que a sua definição varia, tomando nuances as mais diferentes, o que torna necessário delimitar as áreas de discussão da disciplina.
A política pode ser abordada a partir do ponto de vista histórico, indagando-se a sua origem e natureza; ou enfocando-a sob a ótica d o poder e da luta pela sua conquista, manutenção e expansão, por exemplo. É possível, outrossim, compreender a política sob o ângulo da relação entre Estado e governo, examinando as instituições por meio das quais o poder é exercido. Ainda, sob um aspecto internacional, a política pode ser analisada partindo-se das relações multilaterais travadas entre os Estados soberanos.
Carl Schmitt reduz a política a uma distinção “amigo-inimigo”, afirmando que o próprio conceito de Estado supõe o de político. Para ele, o inimigo político é o outro, um ser distinto e estranho que, no contexto político, representaria um Estado que sustenta uma opinião diversa, um posicionamento político diferente, tornando-se automaticamente um inimigo. A sua teoria política o levou a identificar-se com o nazismo, tornando-se um dos seus ideólogos. (1999, p. 59-60).
Para Karl Deutsch, a política é, em certo sentido, uma tomada de decisões através de meios públicos, em contraste com as decisões pessoais e com as decisões econômicas, preocupando-se fundamentalmente com o governo, cujo escopo é dirigir e auto-administrar vastas comunidades de povos. Para ele, qualquer comunidade maior do que a família contém um elemento de política. (1979, p. 27-28).
Com uma visão mais conciliatória, Crick define a política como uma atividade através da qual são harmonizados diferentes interesses, dentro de uma determinada unidade de governo, dando-se a cada uma participação no poder proporcional à sua importância para o bem-estar e a sobrevivência de toda a comunidade. (1981, p. 6).
Enfocando a ambivalência da política, Duverger coloca o Estado, de um modo genérico, como o instituidor do poder em uma sociedade; como um instrumento de dominação de certas classes sobre outras, e por outro lado, como um meio de assegurar certa ordem social, integrando todos numa coletividade que deve visar ao bem comum. (1968, p. 27).
Max Weber, por sua vez, entende por política o conjunto de esforços feitos com vistas a participar do poder ou influenciar a divisão do poder, seja entre Estados, seja no interior de um único Estado. (1970, p. 56).
Ao afirmar a amplitude do conceito de política, Heller o restringe ao desenvolvimento e à aplicação do poder social organizado. Segundo ele, o poder nasce e mantém-se mediante a cooperação humana dirigida por uma ordenação regular comum, na qual determinados indivíduos cuidam do estabelecimento e segurança da ordenação. (1968, p. 246-247).
Para finalizarmos esse rol conceitual, a política pode ainda ser entendida como uma arte, ou seja, uma destreza, habilidade ou perícia com que se maneja um assunto delicado ou uma atitude já estabelecida com respeito a determinados assuntos.
É perceptível que são variadas as tentativas de definir a política. Sendo assim, para melhor entendê-la é preciso ter em mente a sua relação intrínseca com o poder. Isso porque a política é uma forma de atividade humana relacionada ao exercício, à distribuição e à organização do poder em sociedade. Quem “faz política”, em verdade, busca ou exerce o poder sobre o outro, ou sobre um determinado grupo social, visando a obter uma vantagem pessoal ou coletiva, a qual definirá, justamente, a legitimidade ou não desse poder.
Nesse diapasão, Max Weber diz que todo homem que se entrega à política aspira ao poder, seja porque o considera como instrumento a serviço da consecução de outros fins, ideais ou egoístas, seja porque deseje o “poder pelo poder” para gozar do sentimento de prestígio que ele confere. (1970, p. 57).
De forma mais simplista e resumida, e afastando-se do caminho do poder, Dallari chama de política a organização social que procura atender à necessidade natural de convivência dos seres humanos, bem como toda ação humana que produz algum efeito sobre a organização, o funcionamento e os objetivos de um sociedade. (1984, p. 11)
Como vemos, o termo “política” possui várias acepções, mas grosso modo, se pode dizer que discutir política é referir-se ao poder, considerado aqui, de forma genérica, como a capacidade ou possibilidade de agir, de produzir determinados efeitos sobre os indivíduos ou grupos humanos. Portanto, entender as relações que permeiam o poder torna-se fundamental.



Referências bibliográficas
BOBBIO, Norberto, MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de política. 5. ed. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1993. 2v.
CRICK, Bernard. Em defesa da política. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1981.
DALLARI, Dalmo de Abreu. O que é participação política? São Paulo: Abril Cultural, 1984.
DEUTSCH, Karl. Política e governo. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1979.
DIAS, Reinaldo. Ciência Política. São Paulo: Atlas, 2010.
DUVERGER, Maurice. Sociologia política. Rio de Janeiro: Forense, 1968.
HELLER, Hermann. Teoria do Estado. São Paulo: Mestre Jou, 1968.
SCHMITT, Carl. El concepto de lo político. Madrid: Alianza, 1999.
WEBER, Max. Ciência e política: duas vocações.  
UNIDADE ESTADUAL PROF: FRANCISCO JOSÉ TIBURCIO-BETÂNIA-PI3
DISCIPLINA:SOCIOLOGIA
PROFESSOR:EDSON SOUZA
SERIE:1°-A VESPERTINO

ALUNOS{A}: Fernanda Veloso N°10
Francisco Damasceno N°13
Joelma Neris N°17
Vamiris Rodrigues N°35
Willans Tibúrcio N°39
Rosangela Rodrigues N°30


Um comentário:

  1. Realmente a politica é uma questão que rende muito assunto, muitos não gostam mais mesmo assim estão dentro dela, de certo modo sempre estão disputando o poder entre um e outro. E essas disputas sempre causam divergências, muitos se tornam inimigos,muitas vezes capazes de ate fazer ''loucuras'' para conseguir o que querem. Uma ação que não é certa e tem que ser modificada, em ano de eleição principalmente muitos passam a aderir dessa pratica para crescer no poder e consequentemente conseguir riquezas com patrimônios indevidos, mas felizmente tem uma minoria que pensa do lado positivo e procuram fazer o melhor para os desfavorecidos e assim a população fica agradecida e querendo sempre o melhor. Foi ótimo abordar um assunto tão importante para a sociedade.


    UNIDADE ESTADUAL PROF: FRANCISCO JOSÉ TIBURCIO-BETÂNIA-PI3
    DISCIPLINA:SOCIOLOGIA
    PROFESSOR:EDSON SOUZA
    SERIE:1°-A VESPERTINO

    ALUNOS{A}:
    Ana Cristina Nº 01
    Ana Thais Nº 02
    Aqueline Nº 04
    Auzirene Nº 05
    Marly Macedo Nº 24
    Raislândia Cavalcante Nº 28
    Rozimeire Ilsabete Nº 31

    ResponderExcluir